INFORMATIVOS
INFORMATIVO N° 1.519
INFORMATIVO N° 1.519
REDACÃO: Hoana Talita Gehlen/Eduardo Oliveira
DATA: 23/3/2021
SITE: www.fetagrs.org.br
Informativo FETAG-RS e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais. Um programa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul e dos 321 Sindicatos filiados. Transmitido em todo o Estado com informações para o trabalhador e a trabalhadora rural.
CAMPANHA “TRIGO GAÚCHO! É BOM, É GAÚCHO, É NOSSO!”
O trigo faz parte da alimentação de mais de 11 milhões de gaúchos. Do café da manhã ao jantar, desempenha importante papel econômico, agronômico e é um ingrediente essencial na alimentação de todas as famílias. O trigo produzido no Rio Grande do Sul foi por muito tempo foi criticado, mas nos últimos anos o cenário mudou e a cultura tem ganhado cada vez mais força.
A pesquisa trouxe inovações através de cultivares de trigo que possuam a qualidade industrial que atenda as características necessárias para se produzir os alimentos derivados do cereal, como pães, massas, biscoitos e bolos. Os produtores encontram no mercado gaúcho sementes com maior potencial produtivo, com maior resistência às doenças no campo, e estão obtendo bons lucros nas vendas, viabilizando as últimas safras. Na outra ponta, a indústria encontra sua matéria-prima dentro de casa e com qualidade semelhante ou até superior à que importava principalmente da Argentina e o consumidor tem acesso nos supermercados e padarias a produtos de qualidade e genuinamente gaúchos, formando assim um círculo virtuoso onde todos ganham.
O indicador que comprova a revolução que acontece com a triticultura do Rio Grande do Sul é a queda expressiva no volume de importação de trigo e de farinha pelos moinhos gaúchos nos últimos dois anos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), em 2019 e 2020, a queda foi de mais de 40%, de um total de 443 mil toneladas para apenas 259 mil toneladas, ou seja, o Estado reduz a importação porque é abastecido com trigo de qualidade, além de circular divisas dentro do estado, deixando de enviar milhões de reais para fora do país.
Movimento para valorizar produção gaúcha
Foi esse cenário que motivou a união de entidades para a criação de uma campanha de valorização do cereal, contando esta bela história construída em muitas mãos. A iniciativa é da Biotrigo Genética, empresa gaúcha de pesquisa e melhoramento de trigo com sede em Passo Fundo/RS e presença em diversos países da América Latina e América do Norte, e conta com o apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (SEAPDR), Emater/RS-Ascar, Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG), do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo/RS), Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado do Rio Grande do Sul (Sindipan/RS), Grupo RBS, Correio do Povo e Guaíba e Grupo Band RS. O gerente comercial para a América Latina da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner, conta que o propósito da campanha “Trigo Gaúcho! É bom, é gaúcho, é nosso!” é unir todos os elos da cadeia: pesquisa, produtor até chegar ao consumidor urbano, para um setor gigante, coeso e alinhado. “A produção aqui da nossa terra entrega o que há de melhor em qualidade industrial. A campanha tem um objetivo muito claro de levar a confiança que vem do campo e já está nos moinhos para os lares dos mais de 11 milhões de gaúchos que consomem todos os dias uma série de derivados desse grão que é um dos mais importantes da agricultura mundial”, ressalta.
A campanha lançada no último sábado (20) em emissoras gaúchas de televisão, rádio, mídias digitais, impressas e ainda divulgada em canais dos apoiadores, é um marco na promoção e valorização do trigo no Rio Grande do Sul. Segundo Covatti Filho, secretário de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, a união das entidades demostra o fortalecimento do trigo. “É muito importante incentivar que nossos produtores produzam este cereal, até porque sua produção traz mais sustentabilidade, prepara e protege o solo no inverno para que possamos ter na safra de verão bons frutos e boas colheitas. Nós, junto com outras entidades do agro estamos unidos e trabalhando cada vez mais para que possamos alcançar a esse objetivo”, destaca.
Para a Emater/RS-Ascar, quanto mais relevância o cereal ganha, mais desenvolvimento econômico para o Estado, gerando empregos e renda. O Gerente Regional da entidade, Carlos Alberto Turra, destacou a importância da campanha em valorizar o trigo gaúcho em função da importância do cereal para a economia do Estado. “Como também aspectos sociais na sucessão das propriedades e na geração de emprego, além de ser o cereal de inverno mais cultivado. O produtor tem demonstrado um interesse renovado pela triticultura, com uso de ferramentas tecnológicas que incrementam a economia do Estado. O trigo integra sistemas de rotação de cultura, melhorando a fertilidade química e física do solo”, reforça.
Para Hamilton Jardim, diretor vice-presidente da Farsul e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva das Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura, é preciso reconhecer a qualidade do trigo produzido em solo gaúcho. “Ela aumentou muito e a gente pode elencar isso como uma grande vitória, fruto de uma genética maravilhosa que tem sido colocada à disposição dos produtores. O que é nosso é bom e isso é comprovado pelos padeiros, pelos sindicatos da indústria moageira gaúcha e nacional”, destaca.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG), Carlos Joel da Silva, também aposta na genética como um dos principais fatores de valorização do cereal. “Graças ao investimento na pesquisa, na genética, nós hoje temos variedades que produzem mais, que tem uma qualidade excelente e que vão fazer com que o produtor volte a investir na produção de trigo aqui no Rio Grande do Sul. Vivemos uma nova perspectiva para o produtor, para a indústria e para o consumidor”, ressalta.
Do passado para um futuro promissor
O trigo faz parte da história do Rio Grande do Sul e é uma das culturas que ajudou a formar o legado da agricultura estadual. Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro RS), Paulo Pires, o cereal está enraizado no solo gaúcho e ajuda a compor a identidade do Rio Grande do Sul. De acordo com Paulo, a área ainda acanhada de produção de trigo em relação às culturas de verão deve aumentar com o tempo, ancorada pelas tecnologias que estão transformando a qualidade do cereal colhido. “Eu tenho consciência absoluta que com esse trabalho, com a qualidade dos trigos que foram desenvolvidos, o Rio Grande do Sul hoje está preparado para um passo a mais. Nós temos uma possibilidade completa, agronomicamente viável, de chegarmos, no mínimo, ao dobro da área de 2020, que foi de quase 1 milhão de hectares. Esse é o caminho: valorizarmos o que foi feito e mostrar a toda a sociedade que o Rio Grande produz trigo com qualidade e identidade. É a qualidade aprovada pela indústria e que chega na mesa dos consumidores gaúchos”, afirma. Em 2017, segundo dados do IBGE, 19.716 estabelecimentos do Estado cultivaram trigo. No Rio Grande do Sul, no ano de 2020, foram cultivados 955 mil hectares, conforme dados da Emater. Para 2021, as previsões são otimistas e a tendência é de que a área semeada aumente entre 10% e 20%.
Para indústria, custos menores e maior liquidez
O Rio Grande do Sul historicamente é um dos maiores produtores de trigo do País. Mesmo com a oscilação das áreas semeadas nas últimas décadas, a produtividade aumentou em torno de 500%. Porém, foi somente nos últimos cinco anos que a qualidade industrial começou a acompanhar essa evolução. Em 2020, por exemplo, o trigo mais semeado no Estado foi testado e classificado como trigo grupo 1 na Argentina – onde também é cultivado, graças à excelente performance industrial, ou seja, o que é produzido no Estado tem padrão de exportação e de qualidade igual ou superior aos trigos do país vizinho.
Para a indústria de panificação gaúcha, produzir o grão em solo gaúcho resulta em custos menores e maior liquidez. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo/RS), Rogério Tondo, houve uma redução significativa do volume de trigo importado para abastecer os moinhos do Estado. “Atualmente, mais de 50% de toda a farinha produzida no Rio Grande do Sul se destina a outros estados do Brasil. Se não fosse a qualidade sanitária e a qualidade de utilização do trigo gaúcho, dificilmente os moinhos do Estado seriam tão competitivos em outros destinos. Isso é muito importante porque agrega valor, renda, impostos para toda a cadeia do trigo, valorizando o produtor, moinhos, fabricantes de massas, biscoitos e pães do Rio Grande do Sul. Por isso, nosso apoio do Sinditrigo à campanha de valorização do trigo gaúcho”, disse. O fato de atender estados extremamente exigentes em qualidade, garante que o consumidor gaúcho pode estar seguro do que consome originado com a matéria prima local.
Na opinião da presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado do Rio Grande do Sul, Carla Carnevali Gomes, o Estado evoluiu muito nos últimos cinco anos em qualidade. “É um orgulho para nós gaúchos termos um trigo igual ou superior aos importados, fazendo com que ele seja cada vez mais atrativo para a indústria”, afirma.
ENTIDADES E PARLAMENTARES DISCUTEM O PRÓXIMO PLANO SAFRA
A Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, presidida pelo deputado federal gaúcho Heitor Schuch, convocou as entidades representativas da categoria de todo o país para dialogar sobre as necessidades da categoria para o próximo Plano Safra, que deverá ser divulgado em junho.
O presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva, que falou em nome das três federações do Sul, e o presidente da CONTAG, Aristides dos Santos, solicitaram que a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar cobre do Governo Federal a inclusão de pontos considerados fundamentais, dentre eles: a disponibilização de recursos que sejam suficientes para operacionalizar todos os programas, com taxas de juros dentro da realidade; colocar disposição em sua totalidade os recursos que forem orçados, o que não aconteceu no último Plano Safra; aperfeiçoar o Proagro, não partindo para alternativas de seguro agrícola da iniciativa privada; PNAE e PAA precisam ter seus valores, hoje fixados em R$20 mil, ampliados para, no mínimo, R$40 mil; crédito fundiário que precisa rodar de forma eficaz; ampliação de programas que visem a habitação rural; revisão dos valores para o enquadramento de DAP, evitando que muitos agricultores sejam retirados do PRONAF devido ao aumento nos custos de produção e dos próprios produtos.
A FETAG-RS também se manifestou contra o Projeto de Lei que prevê a compra de terras por estrangeiros, projeto que está em discussão na Câmara e faz com que os deputados percam tempo de trabalhar em assuntos que realmente são importantes para a agricultura e para a pecuária familiar, como o crédito fundiário, que há algum tempo não funciona. Também foi citada a questão dos incentivos para a Energia Solar, proposta da qual a FETAG-RS não é contrária, mas como poucos agricultores podem investir nessa tecnologia, é preciso discutir como as linhas de transmissão serão mantidas, evitando sobrecargas, problemas no fornecimento de energia e eventual cobrança para os agricultores da região devido a manutenções corretivas na rede.
Em nome do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o diretor de Financiamento e Informação, Wilson Araújo, afirmou que não há fartura de recursos para o próximo Plano Safra, mas solicitou que as entidades encaminhem o mais breve possível um documento contendo todas as propostas, que serão avaliadas.
O balde de água fria veio na fala Rogério Boueri, subsecretário de Política Agrícola e Meio Ambiente do Ministério da Economia, que afirmou que dificilmente os recursos serão ampliados em relação ao ano passado. Também não estão previstos cortes nas taxas de juros.
Para o presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva, “é desanimador ouvir as falas do governo. É preciso olhar com atenção para a agricultura e para a pecuária, que sustentam a economia e alimentam os brasileiros, principalmente com os produtos da agricultura familiar. Vamos encaminhar nossas propostas para o MAPA e seguiremos cobrando mais recursos em um Plano Safra que contemple todas as necessidades da agricultura e da pecuária familiar”.
O deputado estadual Elton Weber participou da reunião e falou em nome da Assembleia Legislativa.
LA NIÑA: O RS ESTÁ SOB INFLUÊNCIA DO FENÔMENO?
Há uma probabilidade de 38% de La Niña se manter e 62% de o Pacífico entrar em fase Neutra, no próximo trimestre. O mês de fevereiro de 2021 voltou a registrar volume de precipitação abaixo da média na maioria das regiões do Rio Grande do Sul, com exceção da Zona Sul e parte da Campanha. A estação meteorológica de Santa Vitória do Palmar (Chuí) registrou 336mm em fevereiro. Regiões da Zona Sul e Campanha tiveram acumulados variando de 150 a 200mm.
Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), indicam que as demais regiões da Metade Sul do Estado, e toda a metade Norte, ficaram com anomalias negativas de precipitação. Nos locais onde choveu, os episódios ocorreram na 1ª quinzena do mês. Ou seja, houve locais que ficaram 20-30 dias sem precipitação. Para a colheita do arroz isto é benéfico. Porém, para aquelas lavouras com culturas de sequeiro, como a soja, que ainda estão em fase de enchimento de grãos, essa irregularidade nas precipitações não é bem-vinda.
O relatório da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), divulgado dia 11 de março, aponta para probabilidade de 38% de La Niña se manter e 62% de o Pacífico entrar em fase Neutra, no trimestre abril, maio e junho de 2021. Ainda segundo a NOAA, o sistema acoplado oceano-atmosfera permanece consistente com um La Niña fraco ou em enfraquecimento.
Vale salientar o que é posto pela própria NOAA, de que existem incertezas nas previsões feitas pelos modelos nesta época do ano, pois, segundo eles, as previsões feitas durante o outono são menos confiáveis. Muitas coisas ocorridas nessa estação tornam a previsão um desafio, incluído o ENOS, que costuma mudar de uma fase para outra nesta época (por exemplo: La Niña para Neutro).
A partir de junho será possível ter uma ideia mais clara de como será o resto do ano, em relação ao ENOS. Porém, vale salientar que, mesmo com o fim da La Niña, a atmosfera ainda responderá como tal por um período.
Ainda de acordo com as informações do IRGA, a média climatológica dos próximos três meses é maior que a dos meses de verão, logo, mesmo que as precipitações não alcancem o volume da média, ainda assim, deverá chover pouco mais que nos meses do verão. Também é válido destacar que os meses de maio e junho deverão ter acumulados mais próximos da média climatológica.
O INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê anomalias de precipitação entre -50 a -75mm na metade Oeste do RS e de -10 a -50mm na metade Leste, para o mês de abril. No entanto, no acumulado total, a metade Oeste receberá mais chuva, pois a Normal Climatológica de abril é mais elevada naquela região, do que no Sul e faixa Leste.
Para maio e junho, a anomalia deverá ser de -10 a -50mm na maioria das regiões gaúchas. Na Metade Sul do Estado, os acumulados de cada um dos meses deverão ficar entre 100 e 130mm. Os modelos CFSv2 e do INMET estão com previsões bem parecidas para o próximo trimestre.
Embora a La Niña esteja perdendo força, a atmosfera ainda demora um tempo para responder a essa mudança. Com isso, chuvas irregulares ainda deverão ocorrer, assim como períodos mais secos prolongados, intercalados com períodos chuvosos, como vem ocorrendo neste mês de março, onde a primeira quinzena foi mais seca e a segunda deverá ser mais chuvosa. Com a chegada do outono, aumentam as entradas de ar frio, após a passagem de sistemas frontais. Com isso, aumentam, também, o número de manhãs com temperaturas mais baixas.
Fonte: Portal Agrolink
A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL MANTÉM O MOVIMENTO FORTE E ATUANTE
A Contribuição Sindical dos(as) Agricultores(as) Familiares é realizada para o Sistema Confederativo – CONTAG – FETAG e Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ela é devida por toda a categoria, trabalhadores(as) ou empregados(as). Ou seja, todos aqueles que são trabalhadores rurais e não possuem empregados e exercem a atividade rural, individualmente ou em regime de economia familiar, sendo proprietário, arrendatário, parceiro, meeiro ou comodatário.
Para o tesoureiro-geral da FETAG-RS, Agnaldo Barcelos, a Contribuição Sindical é uma das formas de manter o Movimento Sindical atuante, forte e em constante luta para assegurar o direito dos agricultores familiares. Agnaldo reitera que embora a Contribuição seja facultativa, é uma obrigação dos agricultores(as), pois quando da conquista de um benefício para a classe todos recebem as melhorias.
O valor da Contribuição Sindical da Agricultura Familiar referente ao exercício 2021 é de R$ 37,00 (trinta e sete reais) por membro do grupo familiar.