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FETAG-RS reforça cobrança por soluções concretas ao endividamento de agricultores e pecuaristas familiares

Dando continuidade às tratativas iniciadas em Brasília, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG-RS) participou, na tarde desta quarta-feira (23/04), de uma reunião remota com os Ministérios da Fazenda, da Agricultura e Pecuária, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, para aprofundar as discussões sobre a proposta de securitização das dívidas dos agricultores e pecuaristas familiares do estado. A Federação foi representada pelo secretário executivo Kaliton Prestes.
A agenda integrou o encaminhamento definido na semana passada, que previa a realização de uma reunião técnica. O objetivo foi avançar nos detalhes operacionais da proposta, considerada essencial para garantir condições reais de recuperação às famílias do campo, fortemente impactadas por quatro estiagens consecutivas e pela enchente histórica de 2024.
Apesar da ausência dos agentes financeiros nesta etapa, o encontro permitiu o aprofundamento das discussões técnicas entre os órgãos federais e as entidades representativas. Durante a reunião foi encaminhado a ampliação da possibilidade de renegociação das dívidas de custeio e investimento aos produtores enquadrados no Pronaf, Pronamp e Demais pelo Manual de Crédito Rural. Será votada uma resolução no Conselho Monetário Nacional tratando deste tema. Mais tarde, no mesmo dia, ocorreu uma segunda agenda com a participação dos senadores Luis Carlos Heinze e Hamilton Mourão, que se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reforçar a proposta de securitização em 20 anos — considerada prioritária pelas entidades rurais.
Contudo, segundo os parlamentares, o ministro sinalizou que a proposta não será acatada nos moldes apresentados, sob o argumento de que os bancos já estão autorizados a prorrogar custeios por até quatro anos e investimentos por mais um ano no final dos contratos, conforme o Manual de Crédito Rural. Ainda segundo o governo, a proposta de crédito de R$ 27 bilhões defendida pelos senadores também foi considerada inviável, além de precisar ter abrangência nacional e não apenas regional.
Diante disso, o presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva, demonstrou insatisfação com a postura do governo:
“O que vemos é que o governo segue sentado sobre a mesma proposta, achando que vai resolver o problema do endividamento agrícola apenas com o Manual de Crédito Rural. Para nós, isso é insuficiente. Essas reuniões para marcar mais reuniões não servem mais. Precisamos de respeito com os agricultores e pecuaristas familiares, que enfrentam uma situação gravíssima. No dia 29, vamos reunir os 312 sindicatos filiados à FETAG-RS em Assembleia, e vamos definir quando e onde retomaremos as mobilizações. A luta continua.”
A FETAG-RS reafirma que o tempo de reuniões inconclusivas acabou. Os agricultores e pecuaristas familiares do Rio Grande do Sul enfrentam uma realidade dura, marcada por perdas sucessivas, e não podem mais esperar. O que o campo precisa agora são soluções urgentes, concretas e eficazes. Reunião por reunião, sem respostas reais, é desrespeito com quem produz o alimento do país.