Um pouco da história

Com a criação da FETAG-RS, pela Frente Agrária Gaúcha – FAG, em 06 de outubro de 1963, inicia-se a priorização da “educação rural”, onde em 1968 foram criados institutos de educação rural para rapazes e escolas de educação familiar para moças. Na época os objetivos destes institutos eram para formar cidadãos dignos (rapazes) e preparação para o lar (moças).

Diante das demandas, a FETAG-RS decide criar o departamento de educação em 1968, onde a assessoria tinha a incumbência de ministrar aulas sobre o sindicalismo, por que o lema era “reivindicar com dignidade e cooperar com lealdade”.

Até o ano de 1974, as atividades de educação, consistiam em apoiar os institutos de educação rural e as escolas de educação familiar, preparando os rapazes para serem cidadãos dignos e as moças para serem boas “donas de casa”. Estas atividades, embora pareçam “atrasadas”, mas eram aquelas possíveis de serem realizadas no regime militar que havia sido instalado no país.

Tendo em vista a necessidade de melhor dinamizar a estrutura e a organização do movimento sindical do Rio Grande do Sul, em 1975 implanta as regionais sindicais. Nas regionais existiam dois ou três coordenadores, os quais tinham a função de fazer reuniões, servindo de “ponte” entre FETAG e sindicatos. O trabalho principal desses coordenadores era o trabalho de educação. Com esta experiência, as regionais dinamizaram o departamento de educação.

A educação era voltada para a formação e capacitação de lideranças e a integração dos jovens no movimento sindical. Nos anos de 1976 e 1977, a formação era baseada em cursos de administração sindical para dirigentes, cursos para funcionários, cursos para lideranças sindicais e, eram realizadas as semanas de promoção do trabalhador rural. Eram organizados seminários sobre cooperativismo, congresso de jovens e encontros de coordenadores.

A partir de 1974 com a “abertura política”, surge gradativamente um departamento de educação com ideias da federação, desvinculando-se da FAG. Na década de 80, o sindicalismo viveu uma nova fase. Iniciam as greves, a reorganização de partidos políticos, surgimento de novos movimentos sociais, ocorrem as oposições nos sindicatos…

O MSTTR passou a fazer manifestações, reivindicações e mudou a terminologia “de pedir para exigir”. Percebeu que havia espaços para “não cumprir leis”, mas questionar as leis existentes, propondo com ousadia.

Nesta década a formação sugere três momentos do sindicalismo: legalista/assistencialista; reivindicatório e, o propositivo. Ressurge o feminismo e, inicia-se a integração das trabalhadoras no movimento sindical.

Com a integração dos jovens e das mulheres no movimento sindical, no início da década de 80, trás novos desafios e produz novas bandeiras de lutas. Novos cursos são demandados sob a luz da história real do sindicalismo.

A partir disso surge à discussão/questionamento da educação formal/escolar, com vistas apenas ao urbano em detrimento do rural, a qual persiste até hoje. No ano de 1983 com a criação da comissão que tinha a função de refletir, discutir, propor e principalmente dinamizar as propostas do plano de ação na área de formação. Foram criadas várias comissões com objetivo de serem suportes; descentralizando e democratizando as ações. Um dos temas que surgiu com muita força entre as mulheres foi à auto estima.

Em 1985, no 4º Congresso Nacional dos Trabalhadores realizado pela CONTAG; a maior caravana de mulheres presentes, era do Rio Grande do Sul, fruto do trabalho de formação, até então.

A FETAG passa a se preocupar com a representação política e o departamento de educação/formação passa a preparar subsídios para que os dirigentes sindicais fizessem palestras nas escolas em seus municípios. Em 1986 a discussão sobre a “Nova Constituição”, foi trazido para dentro do departamento de educação. Nestas discussões surge a ideia de criar uma apostila para que as lideranças sindicais discutissem a importância da nova Constituição para os (as) trabalhadores (as) rurais. Criada a apostila e as discussões se iniciam junto às lideranças sindicais, bem como na base.

Foi fundamental a decisão da assembléia da FETAG em aprovar que, além da discussão sobre a nova constituição, o movimento sindical assumiu o lançamento de candidatos do movimento para nos representar no Congresso Nacional.

Em várias regionais sindicais ocorreram encontros com candidatos a deputados federais para apresentar as propostas dos (as) trabalhadores (as) rurais a serem incluídas na nova constituição, bem como ouvir dos mesmos quais eram suas propostas para com a categoria. Conseguimos eleger um candidato no meio sindical e, outros dois que a princípio se comprometeram com a categoria.

A formação/educação sempre foi uma preocupação da FETAG, especialmente com o analfabetismo. Diante disso vai para as bases, realizando palestras, reflexões e encaminhamentos dos ainda denominados “pequenos agricultores” e assalariados rurais. Isto provocou o acirramento das disputas com outros movimentos.

Em maio de 1991 a FETAG-RS convida várias instituições (universidades, movimentos sociais…) para avaliar o projeto de alfabetização e cidadania do homem do campo, proposto pelo MEC. Feito este desafio, a FETAG-RS e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS celebram um convênio com MEC para trabalhar a alfabetização através dos sindicatos filiados.

Com estas investidas inicia sua participação na comissão de reforma do ensino público. Participa na construção e realização da IIª Conferência Estadual por uma Educação Básica do Campo.

No final da década de 70, sabiamente, muda o rumo de sua formação, com objetivo de formar quadros. Estrutura a questão pedagógica-metodológica e passa a formar e capacitar dirigentes e lideranças sindicais através de cursos, possibilitando uma formação mais sistêmica além de mostrar “sua cara” e o que fazia.

Com esta nova visão, a FETAG de 1998 a 2002, realiza três seminários estaduais para discutir a educação rural. Nestas discussões, a participação de dirigentes e lideranças sindicais, foram fundamentais para propor políticas públicas e a apresentação de experiências exitosas em educação rural diferenciada. Um dos frutos destas discussões foi o fomento à implantação de Casas Familiares Rurais no Rio Grande do Sul.

Foram realizados seminários para discussão, reflexão, troca de experiência sobre educação/formação com outros movimentos sociais. Além disso, apoiou, organizou e reivindicou junto ao Ministério da Educação e a Secretaria Estadual de Educação a legalização das casas familiares rurais.

A formação sempre teve um papel de destaque na estratégia política do MSTTR. Para compreender na atualidade essa importância é necessário entender o período ditatorial que o MSTTR e os brasileiros viveram após o golpe militar de 1964.

Todos os esforços feitos na época, foram no sentido de consolidar uma estrutura sindical nacional e estadual e garantir a autonomia política em relação ao governo militar. Os chamados “educadores sindicais” das federações eram responsáveis pelo planejamento e realização de cursos, encontros, seminários e congressos, normalmente, tratavam sobre sindicalismo e a formação de lideranças sindicais. Também eram responsáveis pela produção de jornais e programas de rádio.

Os materiais de comunicação sindical foram fundamentais para garantir minimamente uma ação articulada nacional, regional e estadual. Eram boletins, revistas e jornais, que tinham como objetivo central, a conscientização e a socialização das vitórias e lutas do MSTTR.

A criatividade marcou esse período. O cerceamento das liberdades individuais e coletivas inibia qualquer divulgação de trabalho que pudessem, em seu conteúdo, ser interpretado como “ofensivo” ao governo e a “ordem pública”.

No planejamento realizado em 2002, foi retomada a ideia de congressos e a FETAG-RS realiza o 8º no ano de 2003. Este congresso foi denominado “Repensar do MSTTR – Que movimento sindical queremos”. Os congressistas sabiamente decidiram que o movimento sindical deve estar baseado no tripé:

ESCOLA DE FORMAÇÃO, ASSESSORIA REGIONAL e SEMANA SINDICAL.

A partir desta definição, a FETAG cria o Instituto de Formação Sindical Irmão Miguel – IFSIM que tem como missão:

“CONTRIBUIR COM A FORMAÇÃO, CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE LIDERANÇAS COMPROMETIDAS COM O MOVIMENTO SINDICAL DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS, NOS ASPECTOS ADMINISTRATIVOS, POLÍTICO, HUMANO E SOCIAL”.