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Aberto Broch assume presidência da Contag

dirigentes e centrais sindicais, entidades
internacionais, os ministros Luiz Dulcie, da secretaria-geral da
Presidência, que representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário e José Pimentel, da
Previdência Social, parlamentares, entre outras autoridades. A
cerimônia aconteceu na sede da Contag, em Brasília, e culminou com um
jantar de confraternização.
     Broch defendeu a unidade das Federações como primordial para o
fortalecimento da Contag. Ele recordou que, ao longo dos 46 anos, a
Contag passou pela ditadura, pela redemocratização do País, da
Constituição de 88. E destacou as conquistas dos últimos tempos, como o
Pronaf, a aposentadoria dos segurados especiais, a melhor distribuição
de renda e, sobretudo, o reconhecimento do trabalhador rural como
cidadão.  “Há pouco tempo, as trabalhadoras rurais eram tidas como
domésticas e os homens eram meio-homens, já que ganhavam meio salário”.
Alberto Broch falou, com alegria e orgulho, que a discussão hoje é
feita de igual para igual, que a imagem do Jeca Tatu se desvinculou dos
homens e mulheres do campo.
     Apesar dos avanços econômicos, sociais e das políticas públicas,
Broch lembra que ainda há muitos desafios. Disse que Lula foi o único
presidente a combater a fome de forma mais veemente e elogiou a luta
contra o trabalho escravo, mas que ainda há muita concentração de
terra. Isso deve ser combatido, continua, a fim de fortalecer a
agricultura familiar e, por consequência, enfrentar qualquer crise.
Broch defende uma agricultura “com gente no campo, não queremos o
modelo que devasta tudo”, conclui.

Projeto político

     Referindo-se ao seu antecessor, Manoel dos Santos, Broch elogiou a
construção de um Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural
Sustentável e Solidário (PADRSS) que, segundo ele, talvez seja o maior
projeto político da Contag, que deve apresentar propostas para a
sociedade e para o governo. Ele defende a organização da produção como
prioridade, então, para fazer frente aos monopólios, principalmente das
multinacionais.
     Também as afirmações do 10º Congresso da Contag foram recordadas
no discurso do novo presidente, em especial o projeto político
alternativo e o debate sobre as centrais sindicais que culminou com a
desfiliação da Contag à CUT. Broch afirmou que o fortalecimento das
centrais é importante para a Confederação e vice-versa.
     Sobre a crise econômica internacional, Broch disse que ela não
acabou e seus reflexos estão no desemprego, nos preços dos produtos
agrícolas, no custo de produção que, em muitos casos, não é coberto. E
afirmou que concorda com o presidente Lula: “quem gerou a crise, que
pague por ela”.
Outro ponto descrito como fundamental por Broch são as eleições no ano
que vem. Ele defende a presença cada vez mais expressiva de dirigentes
sindicais no legislativo das três esferas.
     Na hora dos agradecimentos, Broch elogiou seu antecessor, falou do
trabalho desenvolvido pelas federações das cinco regiões do País, mas
permitiu-se um muito obrigado particular ao Rio Grande do Sul, “à
Fetag, a essa delegação maravilhosa que está aqui, com essa direção”. À
esposa Marinei, Alberto Broch ressaltou o companheirismo, o cuidado com
a educação das filhas Luiza e Ana Júlia e alertou que, nos próximos
anos, vai precisar dela mais ainda.
     Quando agradeceu aos seus parentes, os irmãos e mãe ali presentes,
Broch emocionou-se ao falar para a mãe que foi a grande incentivadora
para que o jovem Alberto fosse sócio do sindicato, pagasse as
mensalidades e frequentasse as assembléias.
     O momento final foi dedicado a participação das mulheres e dos
jovens na direção da Contag. Ele brincou que, se em 46 anos, era a
primeira vez que a presidência da Confederação não era de um
nordestino, havia outra novidade a ser destacada: é a primeira vez
também que uma mulher assumiu a vice-presidência da Contag. No que foi
muito aplaudido por todos.

Grito da Terra

     Pela manhã do dia 29 foi feita a entrega da pauta do Grito da
Terra Brasil 2009 ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já com a
presença de todos os presidentes das 27 Federações dos Trabalhadores e
da diretoria da Contag. No documento, os trabalhadores solicitaram
solicitou R$ 22 bilhões para a safra 2008/2009 – ele ainda contém mais
de 200 itens, abordando questões como política agrícola, habitação,
meio ambiente, crédito fundiário, reforma agrária, assalariados, enfim,
de todas as áreas de atuação do Movimento Sindical dos Trabalhadores e
das Trabalhadoras Rurais.
     Elton Weber, presidente da Fetag, representou a Federação e disse
que, inicialmente, Lula falou um pouco sobre a situação do governo
frente à crise mundial e contou o que está sendo feito. Lula enfatizou
que deseja atender a maior parte das questões contidas na pauta, mas
adiantou que a Contag deve entender, de antemão, a situação adversa na
economia de forma geral. Ao mesmo tempo, designou o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel e o ministro-chefe da
Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulcie
interlocutores e responsáveis por marcar as audiências com todos os
ministérios envolvidos na pauta.
     Lula fez, ainda, várias perguntas a Broch sobre programas
existentes para a agricultura familiar e para os trabalhadores rurais,
questionando sobre as políticas públicas já existentes. Ele garantiu
que o governo, mais uma vez, irá fazer a sua parte para atender até o
final de maio a maior parte das questões. O Grito da Terra Brasil
acontecerá de 26 a 28 de maio em Brasília.

Luiz Fernando Boaz (reportagem)
Izabel Rachelle (redação)