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Presidente da FETAG-RS participa do Correio Rural Debates

O Correio Rural Debates, evento que ocorre anualmente na Expodireto Cotrijal e que é fruto da parceria entre o Jornal Correio do Povo e a Rádio Guaíba, realizado na tarde de hoje, terça-feira (9), de forma virtual, sendo transmitido pelo rádio e pelas plataformas digitais.

Mediado pelo jornalista Sandro Fávero, o debate contou com a participação do presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva; do diretor técnico do Senar RS, Cláudio Rocha; do diretor de Agricultura Digital da Syngenta, Ronaldo Giorgi; e do presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (SIMERS), Claudio Bier.

Em sua primeira participação, o presidente Carlos Joel da Silva tratou sobre o tema do uso das tecnologias no campo e do êxodo rural por parte dos jovens, que muitas acabam desistindo das atividades primárias devido a falta de acesso a internet e a baixa rentabilidade em alguns setores, como o leite, por exemplo. No entanto, aqueles jovens que permanecem, devido a maior aptidão que a juventude atual possui, consegue implantar nas propriedades os benefícios que as novas tecnologias proporcionam, como o uso de máquinas que resultam em ganhos de produtividade e de novas formas de plantio e de cultivo.

Joel também falou sobre a falta de acesso à internet no meio rural, problema que afeta 64% das propriedades rurais, de acordo com dados do Censo Agropecuário de 2017, que também apontou a falta de energia elétrica em 7% das propriedades, problemas antigos e que seguem sendo um grande gargalo para produção rural, já que o agricultor deixa de ampliar sua produção devido a problemas que são alheios a vontade dele e que dependem de melhorias que deveriam ser implementadas pelas empresas responsáveis e pelo Estado.

No que se refere a crédito rural, apesar do grande crescimento proporcionado pela criação do PRONAF e do PRONAF Mais Alimentos, programas que tornaram o acesso ao crédito acessível para a agricultura e para pecuária familiar, deixando de ser um privilégio da agricultura patronal, atualmente existem problemas devido a quantidade de recursos que são colocados a disposição, que acabam se esgotando tão logo são anunciados. “Trabalhamos junto aos governos para que a agricultura e a pecuária familiar tenham cada vez mais acesso a crédito, porém com juros dentro da realidade, o que não acontece hoje, quando as taxas são muito superiores a taxa Selic. Nossa categoria é uma potencial compradora de máquinas e de implementos que modernizem a atividade rural, mas precisa de crédito em condições justas”, afirmou Joel.

No encerramento, Joel salientou alguns aspectos considerados importantes, como a participação das mulheres no dia a dia das propriedades, muitas vezes liderando a atividade familiar; a fundamental participação da agricultura e da pecuária familiar na manutenção da vida ao cumprir seu papel de produzir alimentos, mesmo durante a pandemia; a constante alta nos custos de produção, que tornam o Brasil um país em que se é caro para produzir, o que afeta a lucratividade das cadeias, como o leite e a avicultura; e problemas na infraestrutura de transporte, altamente dependente de estradas que muitas vezes estão em más condições. Segundo Joel, “é importante que se tenha lucratividade no campo, senão é impossível sobreviver e produzir. Em outros países, os produtores rurais são competitivos devido aos subsídios dados pelos governos, o que não existe aqui no Brasil nem para os juros, em que a agricultura familiar paga o dobro da taxa Selic. Também não pode mais faltar recursos dentro do Plano Safra, que precisa ter taxas de juros menores”.