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Fetag debate Desafios da Agricultura Familiar na Expointer

Os Desafios da Agricultura Familiar – Produção, Renda e Sucessão Rural foi o tema do Fórum Canal Rural-Fetag realizado hoje (3) na Expointer, na Casa RBS, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O programa foi transmitido ao vivo para todo o Brasil e teve a mediação do jornalista Irineu Guarnieri. O auditório esteve lotado de dirigentes sindicais e agricultores familiares, pois nesta quarta iniciou a visitação organizada pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais.
O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, fez a abertura do fórum e lembrou do tempo em que os agricultores familiares eram vistos apenas como produtores de subsistência. “Há 16 anos a agricultura familiar vem mostrando a sua pujança e a qualidade de seus produtos. O Pavilhão da Agricultura Familiar é um verdadeiro modelo de agricultura sustentável que a Fetag prega, isto é, aquele em que a família produz e vende diretamente ao consumidor final”, justifica.
O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) instituído pela ONU neste 2014 e implementado pela FAO não foi por acaso, contou Alberto Broch, presidente da Contag. Ele revelou que desde 2006 a Contag e outras entidades já trabalhavam fortemente para que a agricultura familiar fosse lembrada. “A Contag, com mais de 380 entidades do mundo inteiro, trabalhar juntas no sentido de fazer com que a ONU instituísse esse o Ano Internacional da Agricultura Familiar. Com mais de 900 milhões de pessoas passando fome no planeta isso era mais do que necessário, pois os olhos do mundo se voltam para a agricultura familiar”, pondera.
Broch adverte que se todas as nações não investirem na agricultura familiar não haverá saída para alimentar todos que passam fome. Para ele, é preciso debater com a sociedade para mostrar o jeito que o agricultor familiar produz o alimento. Ao mesmo tempo, discutir com os governos as políticas públicas, por exemplo, em relação à terra. “Não se faz agricultura sem os meios de produção. Então, é indispensável debater o acesso à terra, a organização da produção, os programas como PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Também temos que nos organizar melhor no associativismo e cooperativismo, bem como a legislação e os marcos regulatórios não correspondem à agricultura familiar”, completa.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, a exemplo de Joel, também lembrou do tempo em que a agricultura familiar não tinha espaço na Expointer. Decorridos 16 anos e o Pavilhão da Agricultura  Familiar se tornou o que se chama de “xodó” da exposição. “Vemos um espaço digno, bonito e que é sinônimo de produção. Isso o que nós enxergamos é a história viva de um povo trabalhador rural, responsável por 70% dos produtos que vão à mesa dos brasileiros. E produzir alimentos foi o chamamento da FAO/ONU com o AIAF”, disse.Rossetto citou os números do Pronaf no RS, que ficou em R$ 5,2 bilhões aplicados, sendo que em todo o Brasil o volume disponibilizado – pauta da Contag – ficou em R$ 22,3 bilhões. “Queremos executar mais de R$ 24 bilhões”, projetou o ministro.
A agricultura familiar evoluiu muito nos últimos anos, destacou o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Paulo César Pires. Ele disse que produção, renda e sucessão – os temas do fórum – são interligados . “Temos mais de 1.000 técnicos de cooperativas fazendo assistência técnica, os quais estão constantemente sendo capacitados para melhor atender ao associado”, observou.
“No momento em que mais se debate a sucessão rural, vemos a agroindústria como a principal saída”. A afirmação foi do presidente do Sistema Ocergs, Vergílio Périus. Para ele, esse tipo de empreendimento agrega renda à família e possibilita a permanência do jovem no meio rural. Ele citou a energia monofásica, presente em 126 mil propriedades gaúchas como um dos grandes entraves. “Isso é subdesenvolvimento e sem energia não há nenhuma possibilidade da juventude se fixar no campo”, enfatizou.
O representante da FAO, Carlos Antônio Biasi, ao falar sobre sucessão rural, acredita que os jovens necessitam para permanecer no meio rural, antes de mais nada do apoio de seus pais, o acesso à internet, energia elétrica, crédito facilitado, enfim, que a juventude tenha algum tipo de apoio, lazer e renda própria. “Esses são alguns dos desafios”, completa Biasi.

Assessoria de Imprensa – 03/09/2014