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Uva – Do começo ao sucesso

Não é de hoje que o homem utiliza a uva para se alimentar e para produzir bebidas. Estima-se que a fruta tenha sido uma das primeiras a integrar a alimentação humana e que seu cultivo iniciou há cerca de 6 a 8 mil anos atrás, no Oriente Médio. Sobre o vinho existem registros da bebida em pinturas egípcias, a civilização mais antiga do mundo.

 

Na mitologia, a uva aparece representada pelo Deus do Vinho Baco, no caso dos romanos, e por Dionísio, para os gregos, que são frequentemente representados com uma coroa de folhas de parra, segurando um cacho de uvas ou uma taça de vinhos. Na Bíblia, a uva é citada no livro de Gênesis, no qual Noé a cultivava em sua fazenda.

 

No Brasil, os primeiros registros de produção datam de 1535, quando os portugueses trouxeram a fruta da Europa e passaram a cultivá-la na antiga Capitania de São Vicente. No entanto, foi a partir do momento em que os imigrantes italianos vieram para terras brasileiras que o cultivo da fruta ganhou uma maior dimensão.

 

Sob nome científico Vitis vinífera L, a videira é uma planta própria de regiões com clima temperado e que, por ser altamente energética e pelas substâncias presentes que ajudam a reduzir a pressão sanguínea, apresenta grandes benefícios a saúde humana. Seu suco auxilia no combate a acidez do sangue, auxilia na digestão e, por possuir capacidades desintoxicantes, previne o envelhecimento.

 

As uvas podem ser divididas em quatro grupos: rústicas de mesa, finas de mesa, uvas sem sementes e uvas destinadas a fabricação industrial de vinhos.

 

O Rio Grande do Sul está entre os maiores produtores de uvas do país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a safra 2019/2020 poderá chegar a 525 milhões de quilos, sendo maior parte destinada a produção de sucos e vinhos de mesa. Apesar do número significativo, a Comissão Interestadual da Uva estima uma queda que varia entre 20% a até 25% na safra devido ao excesso de chuvas na época de floração e pela posterior estiagem que atingiu as variedades que estavam no período de amadurecimento.

 

Quando falamos em agricultura familiar, a categoria é responsável por 90% da produção gaúcha, reunindo 14 mil famílias, número que chega a 20 mil quando incluímos o estado de Santa Catarina. Da safra destinada a industrialização, 25% é processada por cooperativas vinícolas.

Toda essa produção também é transformada em bebidas que são reconhecidas mundialmente pela sua qualidade. No ano passado, o Rio Grande do Sul foi responsável por 90% da produção de suco de uva do Brasil, que já foi reconhecido com prêmios internacionais, como a medalha de ouro no concurso da Wine South America de 2019.

Assim como os sucos, os espumantes gaúchos também são famosos no mundo. Na safra passada, foram produzidos mais de e milhões de litros da bebida, cuja exportação para diversos países saltou nos últimos anos, chegando a 55% de aumento em 2017. A qualidade é tão grande que um espumante gaúcho já figura na lista dos melhores do mundo.

 

Em solo gaúcho, as variedades mais produzidas são Isabel e Bordô, uvas chamadas de híbridas ou americanas que podem ser usadas para vinho e suco. Entretanto, o Rio Grande do Sul conta com uma grande produção da fruta destinada para consumo in natura, espalhada por várias regiões do Estado, até mesmo na Região Metropolitana de Porto Alegre.

 

De acordo com o presidente do Ibravin, Márcio Ferrari, que também preside o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Farroupilha, a Comissão Interestadual da Uva (CIU), composta  por Sindicatos de Agricultores Familiares e de Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina é responsável por negociar com o governo e com as vinícolas o preço mínimo da uva. “Nos últimos quatro anos houveram avanços importantes no preço mínimo, porém, ainda está muito longe do custo calculado anualmente pela comissão”. Na atual safra, o preço mínimo da uva foi de R$1,08 enquanto o custo de produção foi de R$1,13. “Mesmo assim, ainda é um negócio importante para os agricultores, pois muitos conseguem uma produção maior por hectare, obtendo melhores resultados financeiros e mantendo viável a produção”.

 

Para o vice-presidente da FETAG-RS, Eugênio Zanetti, que também planta uvas na serra gaúcha, “a fruta é garantia de renda para muitos agricultores familiares, cujo trabalho e dedicação são reconhecidos no Brasil e no mundo. Aqui produzimos vinhos, espumantes e sucos que estão entre os melhores do mundo, e o agricultor familiar é fundamental para que toda a cadeia tenha sucesso.

Por: Eduardo Oliveira

Foto: Eduardo Oliveira