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Fórum FETAG E Canal Rural debate cadeia do leite

     Os graves problemas que afetam a cadeia leiteira no Rio Grande do Sul motivaram a  FETAG e o Canal Rural a realizarem na manhã de hoje (30), na Expointer, um fórum para tratar sobre a cadeia leiteira, tendo como tema O Leite em Ponto de Fervura: como enfrentar as ameaças à produção, tendo por local a Arena do Canal Rural, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. No debate, além do presidente da FETAG, Carlos Joel da Silva, participaram João Salomão, consultor de Pecuária Geral do Ministério da Agricultura, Darlan Palharin, gerente-executivo do Sindilat, e Miguel Daúde, comentarista do Canal Rural.   
     Com a Arena lotada, Joel falou para todo o Brasil que o produtor gaúcho aumentou a produção e nesse mesmo período as importações de leite, em especial do Uruguai, estão cada vez maiores. O dirigente pediu a criação imediata de cotas para o vizinho, caso contrário a Argentina avisou que não irá mais obedecer as cotas se o Uruguai continuar livre. Além disso, alertou que a CONAB não está fazendo o seu papel, que deveria enxugar o mercado neste momento de forte crise. “Hoje, enquanto o consumidor está pagando um valor baixo, o produtor encontra enormes dificuldades de fechar as contas. Com previsão do Conseleite de um valor de referência R$ 0,90 à ser pago ao produtor em setembro, pelo leite entregue em agosto, uma politica de garantia de preço mínimo que não garante nem o mínimo, e a ausência de uma politica de controle de abastecimento,  mostra claramente a ineficácia das politicas do Governo Federal. Então, o governo não tem controle nenhum sobre a cadeia produtiva”, disparou o dirigente.
     Salomão falou que o leite é um assunto em evidência e o governo está trabalhando no sentido de trazer sustentabilidade à produção. “O leite apresenta diversas realidades no País. A produção cresce a uma taxa de 4 a 5% ao ano. Esse, portanto, é um desafio que nos leva a pensar na possibilidade real de exportar. Para tanto, temos que pensar em qualidade e produtividade. Alguns países estão abrindo seus mercados de lácteos”, observou.
     Em relação às importações de leite em pó, Salomão reconheceu que as importações em 2016 chegaram a 160 mil toneladas, e 240.000 toneladas totais de lácteos importados, isso representa algo em torno de 6 a 7%, da produção brasileira,  volume que desestabiliza o setor produtivo. Enquanto o acordo com a Argentina prevê a entrada máxima de 4,5 mil toneladas/mês, com o Uruguai nunca houve acordo. “Temos que buscar um acordo imediato com o Uruguai, pois se o Brasil quer exportar, não pode barrar”, sentenciou.
     O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, de cara falou que não existe produtor sem indústria e indústria sem produtor. Mostrando vários gráficos em sua fala, ele disse que o leite em pó entra no país no valor de US$ 0,28 da Argentina e US$ 0,26 do Uruguai, o que equivale a R$ 0,90 o litro. Aqui o valor pago ao produtor é em média segundo a Emater de R$ 1,12- R$ 1,20 conforme a indústria. “Como concorrer a R$ 0,90?”, pergunta Guerra. E no atacado foi comercializado em julho a R$ 2,047.
     O comentarista do Canal Rural, Miguel Daúde, não usou meias palavras e foi incisivo em dizer que a principal ameaça à produção é o governo. Além disso, afirmou que o produtor é massa de manobra da Frente Parlamentar da Agropecuária. Ele também perguntou por que não se estabelecem cotas com o Uruguai, uma vez que para o açúcar foram criadas cotas para a Argentina e para o próprio Uruguai houve criação de cotas para a carne de frango. “O setor leiteiro brasileiro tem 4 milhões de pessoas e o governo pagou R$ 50 bilhões para salvar a indústria automobilística”, desferiu. Antes de encerrar deu a receita imediata: compras institucionais de leite para hospitais, presídios, creches, asilos, entre outras instituições para enxugar o mercado.
     O fórum FETAG e Canal Rural ainda teve as participações do presidente da Assembleia Legislativa, Edgar Pretto, do secretário da Agricultura, Ernani Polo, do presidente da Afubra, Benício Albano Berner, e Salmo Dias de Oliveira da Famurs. E na plateia cerca de 100 pessoas, entre dirigentes e agricultores familiares associados a diversos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais.

Assessoria de Imprensa – 30/08/2017 – Luiz Boaz