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Plenária da Terceira Idade termina com ocupação do Ministério da Previdência

     Desde as 6h30min o vai e vem nos corredores do Centro de Treinamento Educacional – CTE em Luziânia, Goiás, dava conta de que a 2a Plenária Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade e Idosos/as chegava ao fim. O movimento de pessoas carregando suas bagagens era em direção aos inúmeros ônibus que aguardavam as delegações para levá-las até a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde a Contag realizou uma mobilização nacional em defesa da democracia, contra a reforma da Previdência Social, contra a extinção dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Previdência Social, e pela manutenção do Programa Nacional de Habitação Rural. A maioria dos participantes da Plenária dirigiu-se para o Ministério da Previdência, que já estava ocupado desde às 4 horas da madrugada, enquanto outro grupo estava desde o mesmo horário no prédio do MDA.
     Cerca de 10 mil pessoas estiveram presentes nos dois atos.
Coordenando a delegação do Rio Grande do Sul, a 1a secretária da Fetag e diretora responsável pela Juventude Rural, Diana Hahn Justo, falou da importância da participação dos integrantes da Plenária no ato, com um gostinho especial para aqueles que vieram a Brasília pela primeira vez e, de cara, ocuparam o prédio do Ministério da Previdência Social. Ela lembra que a situação reproduz um cenário do passado e que a Fetag e os trabalhadores e trabalhadoras rurais “não aceitam nenhum retrocesso”.
     Em conversa com Lori Laudemira de Godoy, de Soledade, “66 anos bem vividos”, a revelação de que era a sua primeira vez em Brasília. “Adorei, era o que eu esperava. Encontrar com pessoas de todo o Brasil para saber da vivência das pessoas de outros estados”, disse ela sorrindo. Ainda em frente ao prédio, o desafio: entrar no prédio e ocupar uma sala, literalmente. Dona Lori não deixou por menos. Em comitiva, cerca de cinco ou seis pessoas, atravessamos a barreira humana que bloqueava a entrada do edifício, e subimos três lances de escada. Lá, no terceiro andar, encontramos mais um grupo de gaúchos e “ocupamos”um dos gabinetes. Pequenos cartazes com as inscrições “Rio Grande do Sul presente” e “Ocupado RS” ilustraram as fotografias e um deles foi afixado do lado de fora da vidraça, podendo ser visto pelo povo lá embaixo.
     Afora as fotografias e o vídeo produzido na sala, o momento de reminiscências. Num grupo de 12 pessoas, três haviam participado das mobilizações da Previdência Social a partir da década de 70. A roda de prosa rendeu… Orquiz Moro de Fraga, de Caraá, lembra que datilografou o processo do primeiro aposentado rural, na época a localidade pertencia a Santo Antônio da Patrulha, cujo benefício era de meio salário mínimo. Ele disse da importância de estar dentro do prédio do Ministério da Previdência, “lutando pela manutenção dos nossos direitos”.
     Outro veterano, Valter Londero, de Santa Maria, recorda que, durante a Constituinte, veio diversas vezes com a Fetag para Brasília, reivindicando a aposentadoria rural como é hoje. “Fomos muitas vezes humilhados, as mulheres ofendidas saíam chorando. Foi uma luta grande e hoje querem nos tirar um direito conquistado”, comenta. Também presente em todas as manifestações históricas, João Kosvoski, de Planalto, diz que “estamos retrocedendo aos anos 70 e 80… Naquela época, os agricultores se aposentavam no fim da vida, sem saúde, e com meio salário mínimo”. Ele defende que não se perde direito adquirido e que desvincular a aposentadoria do salário mínimo é um risco. E que isso influencia diretamente na questão da sucessão rural, porque ninguém vai querer ficar no campo sem garantias previdenciárias.
     Representando a juventude, Fernando Minnikel, de Salgado Filho, enalteceu a participação de jovens e idosos juntos, na mesma Plenária, culminando com o ato na Previdência. “Isso afeta diretamente os jovens, ninguém vai querer saber da agricultura se não puder viver dela”, assegurou ele, falando da importância de fechar os ministérios para garantir os direitos já adquiridos. Falando pelas mulheres, Josevane Duarte afirma estar indignada pelo retrocesso que assombra trabalhadores e trabalhadoras, ameaçando as conquistas de toda a categoria.

16/06/2016 – De Brasília, Izabel Rachelle MtB 6208