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Falta uma pétala na Margarida Gaúcha

Vai faltar uma pétala na margarida do Rio Grande. Uma pétala solícita, amiga, participativa… Quis o destino e um tumor avassalador que, na brincadeira do malmequer, Maria Korzenieski de Medeiros fosse arrancada brutalmente de nossa flor… Logo Maria que, ainda numa reunião em outubro do ano passado, conversava sobre mais uma participação na Marcha das Margaridas, dessa feita como vice-coordenadora de mulheres da Regional Camaquã… Pressentimento ou não, ela havia convencido sua vice há apenas um ano, Josevane Duarte, antes integrante da Comissão Estadual de Jovens, a assumir a coordenação de mulheres em 2013. 2014 chegou e, no apagar das luzes, quando os sinos de Natal já podiam ser ouvidos, Maria descobriu que as dores de cabeça que sentia eram o sinal de um câncer no cérebro. Irreversível. Inoperável. Mortal. Dali até o dia 18 de janeiro de 2015 transcorreram pouco mais de 40 dias, tempo esse que Maria viveu numa cama do Hospital de Clínicas de Porto Alegre fazendo planos para as comemorações do 8 de Março e para a 5ª Marcha das Margaridas… Dela guardo o chapéu da Marcha de 2011, com o qual me presenteou para que eu acompanhasse a caminhada.
Maria nasceu em 31 de janeiro de 1957 e morreu aos 57 anos, 13 dias antes de completar 58 anos. Filha de Helena e Paulino, que hoje está com 80 anos, ela casou-se com Geraldo Medeiros com quem teve o filho Ico e as filhas Cleo e Heide. Era a avó amorosa das três filhas de Cleo.
Em conversa com Josevane, descubro que a afinidade entre as duas tinha mais de dez anos. Da acolhida no movimento sindical em 2004, a visita à Basílica de Aparecida em 2009 até o trabalho conjunto com as mulheres da Regional Camaquã renderam uma amizade e, conforme o relato de Josevane, uma relação igual a de mãe e filha. Nos últimos dias, Maria morreu aos poucos e fazia apenas um gesto de positivo, mas mantinha o olhar de esperança, conta Josevane, emendando que, na memória dos que a conheceram, fica uma frase que Maria repetia com orgulho: “Eu sou uma trabalhadora rural”.

TRAJETÓRIA NO MSTTR
Em 1991, Maria passou a integrar a Comissão de Mulheres de Guaíba participando diversas vezes da ocupação que a Fetag promoveu durante 56 dias no prédio do INSS em Porto Alegre, por conta das reivindicações na área da Previdência.
Em 1993, entrou para a diretoria do STR de Sertão Santana, como responsável pela área de educação. Foi nesse mesmo ano que Maria começou suas atividades na Regional Camaquã, participando da Comissão de Mulheres, na época sob a coordenação de Hilda Holz. Maria sempre se envolveu na organização dos encontros regionais de trabalhadoras rurais.
Em 1996, foi pela primeira vez a Brasília participar do Congresso da Contag.
Em 2000, elegeu-se vereadora pelo município de Sertão Santana.
Em 2003, Maria integrou a delegação gaúcha na 2ª Marcha das Margaridas.
De lá para cá, Maria foi incansável seja à frente da coordenação de Mulheres de Camaquã, do STR de Sertão Santana ou na Câmara de Vereadores do mesmo município. Como as reuniões na regional aconteciam sempre na sede da Fetag, Maria sempre estava na Federação. Da última vez que a vi, pediu para eu fotografar o encontro que ocorria no auditório. Na vez anterior, trabalhei com as mulheres a necessidade e a importância da comunicação no movimento sindical. Aprendi mais do que ensinei.

Assessoria de Imprensa – Izabel Rachelle – 04/08/2015