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Entrevista com Alberto Broch

Agradecemos o novo voto de confiança
O movimento sindical rural brasileiro esteve voltado para Brasília de 4 a 8 de março durante o 11° Congresso Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais – CNTTR.
Mais de 2.500 delegados e delegadas das 27 Federações da Contag participaram das discussões dos principais temas que envolvem a vida do homem e da mulher da roça.
E todas essas atividades culminaram com a eleição da chapa Unidade com a Base, encabeçada pelo gaúcho Alberto Broch.
A sua diretoria recebeu 95,% dos votos, um dos maiores índices aprovados em chapas da Contag nos últimos tempos. “Isso nos legitima e estamos gratos ao congresso, por esse voto de confiança, tão majoritário do ponto de vista das eleições da Contag”, comemora Alberto.
Neste entrevista, ele faz uma avaliação do 11° CNTTR e revela as principais metas e desafios pelos próximos quatro anos.
Jornal da Fetag – Qual a sua avaliação do 11° Congresso Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais?
Alberto Broch –  A nossa avaliação é muito positiva. Foi um congresso realmente muito representativo. Com uma preparação enorme, com escolha de delegados nos municípios, através das assembleias gerais dos STR`s, um grande debate nas plenárias regionais, estaduais, inter-regionais, e uma participação efetiva de homens, mulheres e jovens. Enfim, um evento que teve repercussão grande fora do movimento sindical, de setores da sociedade, de governo, de ONG`s, da opinião pública. Além disso, deu a largada para os 50 anos da Contag e, principalmente, um evento que nos temas políticos, em especial o sindicalismo, conseguiu ter grandes diretrizes e aprovações significativas para o conjunto do movimento sindical.
Jornal da Fetag – E por falar em sindicalismo, quais os principais pontos que se destacaram no congresso?
Alberto – Eu diria que se trata de um conjunto de questões. No entanto, destacaria a reafirmação da unicidade sindical, a necessidade do fortalecimento do STR, da Federação e da Confederação como grandes instrumentos de luta para os trabalhadores e trabalhadoras rurais; a discussão da autossustentação e com ela o debate da  contribuição sindical; as contribuições dos STR`s para as Federações e, por sua vez, para a Confederação, trazendo sempre mais uma ideia de organicidade do movimento sindical, embora tenhamos as nossas instâncias com suas autonomias, assembleias e estatutos. Também de que forma levar o debate com outras organizações. A aprovação da paridade nas direções da Contag ficará na história do movimento sindical, o qual foi construído com a liderança das nossas mulheres, bem como com a participação dos homens. Assim, eu creio que do ponto de vista do sindicalismo esses foram os centrais.
Jornal da Fetag – A presidente Dilma Rousseff, que participou em mais de 1h30min do 11° CNTTR, deu uma grande abertura em relação à reforma agrária, afirmando que vai fazer com terra de qualidade. Como a Contag pretende trabalhar essa questão?
Alberto – A presença da presidente Dilma ao Congresso da Contag entendemos como uma valorização da história dos 50 anos da Confederação, bem como uma valorização do 11° CNTTR por parte do governo federal. Tivemos uma atitude firme com a presidente do ponto de vista de recolocar as nossas propostas políticas para o meio rural brasileiro e, ainda, o nosso descontentamento com a lentidão da reforma agrária. Ao mesmo tempo em que a presidente Dilma fazia praticamente uma prestação de contas de seu governo aos trabalhadores rurais, deixou claro que não está encerrado o debate sobre a reforma agrária. Isso nos reanima, por que em maio, durante o Grito da Terra Brasil, vamos debater com seriedade as propostas da Contag com relação à continuidade do processo de reforma agrária em dois grandes níveis: o primeiro é a revitalização dos assentamentos em todo o país, bem como continuar com a obtenção de terras. O Brasil segue sendo um dos países mais injustos na distribuição de terras; em segundo, a Contag quer uma reforma que não signifique somente o acesso à terra, mas sim qualidade de vida para as famílias para que possam ter acesso às políticas públicas, produzir, estar integrada com os mercados, tendo como protagonismo um novo modelo de padrão tecnológico, com mais sustentabilidade e ajudar na segurança e soberania alimentar. Portanto, foi um momento forte durante o congresso da Contag.
Jornal da Fetag – No último dia do Congresso houve a eleição da chapa Unidade com a Base, na qual 95,5% dos votos foram dados a sua composição. De que forma a nova diretoria da Contag está vendo toda essa votação?
Alberto – Isso é muito importante, porque um dos objetivos do congresso, além de fazer uma análise da conjuntura nacional e internacional, aprovar as grandes diretrizes do ponto de vista interno do sindicalismo, bem como do ponto de vista político, tanto é que reafirmamos o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), aprovamos diretrizes na política para o campo brasileiro e uma das grandes prerrogativas de um congresso da Contag é eleger a sua nova diretoria. E, por sinal, quem a elege não são apenas os diretores de Federações e sindicatos, mas sim os delegados e delegadas, escolhidos por inúmeras instâncias com a legitimidade para eleger a nova diretoria da Contag. E nós tivemos a capacidade política, ao longo de todo este período, com um grande debate nacional, de construir com as forças políticas que atuam dentro da Contag, uma chapa unitária e representativa. Essa foi colocada em apreciação, aos nossos delegados e delegadas, no qual tivemos a aprovação de 95,5%. É um dos maiores índices aprovados nas chapas da Contag neste último período. Isso nos legitima e estamos gratos ao congresso, por esse voto de confiança, tão majoritário do ponto de vista das eleições da Contag. Essa mesma diretoria tomará posse no dia 26 de abril, na sede da Contag, em um grande ato festivo marcante para a história do movimento sindical.
Jornal da Fetag – Quais as principais metas da nova diretoria da Contag?
Alberto – Eu creio que em primeiro lugar é colocar em prática as decisões do congresso. Em segundo lugar é tentar, nestes quatro anos, fortalecer o movimento sindical diante dos desafios que a conjuntura nos impõe. E em terceiro lugar imprimir um ritmo com muita força e diretriz política sobre o projeto político fortalecendo a agricultura familiar, as mulheres, os jovens, os assalariados e assalariadas rurais, as políticas públicas para o desenvolvimento do nosso país. Creio que os grandes desafios e as principais metas, entre outras tantas, serão essas.