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Fetag debate déficit e reforma previdenciária

     O auditório da Fetag ficou lotado hoje (22) com a realização do Seminário sobre Previdência Social, que teve como tema Desmistificando o déficit da Previdência Social e a Reforma Previdenciária. Todos estão preocupados com a possibilidade que de fato ocorra a reforma da Previdência Social e mais do que isso: implique em perda de direitos, entre eles o aumento da idade para aposentadoria em 65 anos para homens e mulheres, enquanto hoje é 55 anos para a mulher e 60 anos para o homem, e a desvinculação dos benefícios ao salário mínimo. A possibilidade de perder direitos conquistados com muito sacrifício pelo trabalhador rural está motivando a Contag, as Federações e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais a mobilizar a população rural em todo o Brasil.
     Municiar as lideranças com toda essa conjuntura para contrapor o processo de reforma previdenciária, explica Elisete Hintz, diretora responsável pela Previdência Social na Fetag, levou a entidade a promover esse debate. “Trouxemos pessoas que estudam e têm dados para nos informar e subsidiar para enfrentarmos o debate. Não aceitaremos uma reforma que implique em perda de direitos”, reafirmou. Na mesma linha, o presidente da Fetar-RS, Nelson Wild, lamentou que hoje a Previdência Social perdeu o status de ministério. “Nos preocupa perder toda uma caminhada, o que nos remete à perda de direitos lá de 1988, com a Constituição Federal, que assegurou benefício de um salário mínimo para o homem e a mulher. Postergar a idade é um absurdo, uma vez que aos 14 anos o assalariado rural já está trabalhando”, informou.
     O secretário de Políticas Sociais da Contag, José Wilson, disse que estava ali para tratar de um tema que é a prioridade número um da Confederação e acredita que também seja das Federações e STR`s. “A Previdência Social é uma das políticas sociais que mais avançou e com isso maior benefício tem proporcionado ao homem do campo”, justificou. No Brasil, continua Wilson, mais de 80% dos municípios tem menos de 20 mil habitantes e sem previdência não há como sobreviver, não apenas as pessoas como o próprio município. “Estamos juntos na luta”, enfatizou.
     O deputado federal Heitor Schuch lembrou que toda vez que um governo quer enfrentar uma crise, de cara ele quer fazer uma reforma na Previdência Social e congelar o salário mínimo. No entanto, jamais cogitam em mexer nas tributações de grandes fortunas. E o Congresso Nacional é de gente milionária e conservadora, que prefere ir para trás do que avançar. Ao participar da mobilização promovida ela Fetag no dia 16 de junho, Schuch viu um homem com 81 anos participando e ficou curioso. Ao lhe perguntar o que fazia ali, o aposentado respondeu que não vai permitir que seu filho e neto percam os direitos que ele ajudou a conquistar. “Temos que nos preparar para ir a Brasília e de gabinete em gabinete mostrar aos deputados o que faz um trabalhador rural, que acorda as 5h vai dormir às 22h”, observou.
     Em seguida, Airton Hochscheid, chefe de gabinete do deputado Elton Weber, comparou a renda dos municípios com os benefícios de aposentadorias, e mostrou que na ponta do lápis dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, nada menos do que 330 têm menos do que dez mil habitantes. “A aposentadoria rural representa mais do que o orçamento municipal. E sem esse benefício, com certeza fechariam as portas. Além disso, a aposentadoria garante a não apenas a sobrevivência das famílias, bem como a própria sucessão rural”, completou. 
     
     PAINELISTAS
     As Contribuições da Seguridade Social e o Déficit da Previdência, com Vilson Romero, da Associação dos Fiscais da Receita Federal, foi o primeiro painel. Ele disse com todas as letras: “A Previdência Social é patrimônio do povo brasileiro". Em seguida, Juliano Sander Musse, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), falou sobre Olhando para o futuro: há necessidade de reforma previdenciária – aspectos sociais, econômicos e demográficos. Musse garantiu que a Previdência tem recursos, caso contrário não seria alvo de tantas investidas por todos os governos em “mexer” nela.
     No final da manhã, o painel Importância Social e Econômica dos Benefícios Previdenciários Rurais, com a consultora da Fetag, Jane Lúcia Wilhelm Berwanger, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP). Jane fez um resgate histórico da Previdência Social e mostrou que as reformas são importantes quando vêm para ampliar os acessos aos benefícios rurais. "O governo quer mudanças porque hoje ele considera a idade mínima reduzida e facilidade na documentação. Então, hoje é o momento ideal", ponderou.
     À tarde, José Wilson, da Contag completou com o painel Atuação do Movimento Sindical Diante da Proposta de Reforma Previdenciária.

Mais informações: Elisete Hintz (51) 9314-5707

Assessoria de Imprensa – 22/06/2016