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Lavoura de trigo pode ser a menor desde 2001

     Vindos de uma sequência de anos ruins no trigo – seja pela quebra de produção, seja pelo desabamento dos preços -, os agricultores gaúchos estão longe de nutrir otimismo em 2018. Os prejuízos passados, somados à dificuldade de comercialização, justificam o sentimento entre os triticultores de que a área cultivada no Rio Grande do Sul deve encolher pelo quarto ano consecutivo. Há quem diga que, sem mudanças no cenário, o terreno do trigo no Estado pode ser o menor do século.
     O Rio Grande do Sul não tem uma lavoura de trigo tão pequena desde 2001, quando foram cultivados 615 mil hectares, segundo o IBGE. A previsão significaria praticamente a metade do que foi plantado há quatro anos, quando a lavoura de trigo beirou 1,2 milhão de hectares, graças às boas expectativas trazidas pela grande safra colhida em 2013. Desde lá, porém, o processo de redução não parou. Primeiro, em 2014 e 2015, porque a colheita foi frustrada em qualidade, obrigando os produtores a buscarem mercados alternativos (e menos remuneradores) ao cereal.
     No ano passado, mesmo o trigo de boa qualidade, cujo preço mínimo da saca havia sido estabelecido em R$ 37,26, chegou a ser vendido a R$ 29,00, segundo Cláudio Dóro, engenheiro agrônomo da Emater. Mesmo hoje, quase meio ano depois da colheita, os produtores não conseguem vendas acima de R$ 34,00. No ano passado, para efeito de comparação, o rendimento médio ficou em torno de 29 sacos por hectare. "O trigo não dá a segurança que existe, por exemplo, na soja, de que você vai recuperar o investimento. É uma lavoura de alto risco", complementa Dóro, lembrando que também há um desafio de liquidez. Isso porque, em algumas situações, mesmo com a cotação baixa, os produtores não encontram compradores.
     O agrônomo afirma que a real situação do plantio do trigo se cristalizará após o fim da colheita da safra de verão. Caso os produtores não tirem o rendimento esperado de culturas como soja e milho, há a possibilidade de que sejam impulsionados a apostar mais no grão de inverno. O assessor de Política Agrícola da FETAG, Kaliton Prestes, acrescenta, no caso dos pequenos produtores, a necessidade de redução da alíquota do Proagro Mais, espécie de seguro agrícola às famílias. Hoje, em 6,5% do valor tomado em financiamentos, a entidade pleiteia o corte para 4%, em linha com outras culturas de menor risco, além de programas de aquisição. “O que se pede são políticas que já existem no País, mas que sejam estendidas para o trigo”, completa Prestes.

Fonte: Guilherme Daroit/Jornal do Comércio

Foto: Ascar/Emater-RS

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