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Opinião: Credores quirografários

Lauro Baum, diretor do STR de Lajeado

Este tema não inclui o vocabulário diário da sociedade. Ainda bem, já que o significado não é uma boa referência para quem está numa lista com esta denominação. Credor quirografário é um credor não-preferencial sem qualquer tipo de garantia real ou pessoal. Pode ser de uma empresa falida que não oferece garantia sobre os créditos. Soam os reflexos do recente episódio amplamente divulgado referente às falcatruas envolvendo empresas na área de laticínios. Especificamente, encontram-se nessa condição muitos produtores de leite que não receberam pela matéria-prima entregue, e é justamente a classificação desses que não receberam pelo produto entregue constando como credores quirografários. 
Enquanto isso, credores de inúmeros outros setores constam como preferenciais segundo a legislação vigente. Indigna que mais uma vez a corda é testada no lado mais fraco. Já os valores que os produtores têm a receber não significam lucro, mas sim o faturamento total. Para chegar ao lucro da atividade precisam ser descontados os insumos, restando, portanto, uma fatia muito pequena. Em resumo, o que a empresa deve é toda movimentação financeira na propriedade. 
Pergunta-se: Qual será o estrago que uma situação dessa natureza pode gerar na sucessão familiar, quando, na verdade, é todo grupo familiar atingido e arruinado? Por que a interpretação contra essa classe trabalhadora é tão oposta a outra ponta considerada prioritária na lista de credores? Por acaso, a continuidade na agricultura, além de importante, não é essencial para todos? Será que não está na hora de rever algumas regras e reconhecimentos na legislação? 
Isto será muito importante para evitar num futuro próximo uma realidade catastrófica, já que produzir leite exige empenho e dedicação nos 365 dias do ano. Tem quem pode mudar essas tendências para que os quirografários de hoje não sejam quem coloca todos os demais na lista de prioritários numa busca aterrorizante por alimento bom e acessível.  Pensem nisso!

Assessoria de Imprensa – 22/09/2014